quinta-feira, 15 de maio de 2008

“O Anjo Azul”, de Josef von Sternberg (Alemanha, 1930)



Primeiro de uma série de sete filmes que a bela Marlene Dietrich (1901-1992) fez com o diretor Josef von Sternberg, “O Anjo Azul” (“Der Blaue Engel”) foi a obra que lançou a atriz alemã em Hollywood. Marlene interpreta Lola Lola, uma cantora que enlouquece os freqüentadores do cabaré Anjo Azul, onde se apresenta. Emil Jannings vive Immanuel Rath, um rígido professor que, ao descobrir que seus alunos costumam assistir às apresentações da cantora, vai ao cabaré para pegá-los em flagrante e (touché!) acaba se apaixonando por Lola Lola. Os dois se casam, e o professor, despedido da escola por sua ‘má conduta’, passa a trabalhar para Lola, vendendo fotografias sensuais da mulher para os clientes e participando de humilhantes números de mágica. Entra, assim, em processo de decadência física e moral.

As cenas finais são particularmente interessantes: a atmosfera sombria e depressiva remete ao Expressionismo Alemão, estética cinematográfica surgida no pós-1ª Guerra, em que o visual carregado dos filmes – formas distorcidas e fotografia em claro-escuro – representava a crise pela qual a Alemanha passava.

O filme tem poucos diálogos, algo natural para a época de sua realização, quando o cinema ainda estava aprendendo a trabalhar com o som. “O Anjo Azul” foi lançado em 1930, apenas três anos depois de “O Cantor de Jazz”, o primeiro filme sonoro da história. O amadorismo no trato com o áudio, no entanto, não impediu que se produzisse uma bela cena de música, hoje célebre: aquela em que Marlene canta "Falling in love again", canção que viraria um de seus maiores sucessos, depois que a atriz também se lançou na carreira de cantora. Marlene Dietrich era tão encantadora, que o público que assiste a “O Anjo Azul” hoje, no DVD, “se apaixona novamente” por ela, 16 anos depois de sua morte e 78 depois do lançamento do filme. (Lucas Colombo)

Nenhum comentário: