segunda-feira, 9 de junho de 2008

De modelo a toda a Terra


Como vocês já devem estar sabendo, a coisa tá quente aqui no RS. O vice-governador Paulo Feijó (DEM) divulgou na sexta-feira uma gravação de um diálogo entre ele e o (agora ex) chefe da Casa-Civil do governo Yeda Crusius, César Busatto (PPS). Na conversa, Busatto diz para Feijó que vários governadores chegaram ao Piratini tendo o Detran e o Daer como "fontes de financiamento". Insinua que o PP se beneficia do Detran, e o PMDB, do Banrisul. E repete aquela arcaica concepção política brasileira: só é possível obter maioria na Assembléia Legislativa assim, deixando os partidos da base governista se deliciarem com os órgãos públicos.

O vice, que não se entende com a governadora desde a eleição em 2006, comentou que gravou o papo por não concordar com a, segundo ele, conivência do governo Yeda com a corrupção descoberta no Detran-RS. Disse que não entrou na política para ficar de olhos fechados. E que antes de sua eleição já sabia de irregularidades naquela autarquia. Busatto se defendeu indignadamente, chamando Feijó de "mau-caráter", "antiético" e "golpista" (uau!) e dizendo que, quando afirmou na conversa gravada que o Detran era fonte de financiamento de partidos, estava se referindo ao loteamento de cargos, à comissão de 30% que os donos de cargos de comissão têm que dar à legenda de que fazem parte. Explicaçãozinha frágil, essa,hein? Como comentou a colunista Rosane de Oliveira, na ZH de sábado, o número de CCs no Detran, no Banrisul e na CEEE é mínimo; o dízimo que os partidos cobram deles não é suficiente para financiar uma campanha.

Quanto a Yeda, aceitou o pedido de demissão de Busatto e de mais três (!) integrantes do governo, entre eles o secretário-geral Delson Martini (PSDB), seu amigo de longa data. Martini foi citado em uma conversa, grampeada pela PF, entre dois personagens envolvidos no escândalo do Detran. Aliás, nunca é demais repetir: o esquema na autarquia desviou R$ 44 milhões (!, de novo) dos cofres públicos.

Yeda disse também que aceitou as 'explicações' de Busatto para o que ele falou no diálogo - que se referia ao loteamento de cargos, não a financiamento irregular de partidos. E que não se poderia apagar "tudo o que Busatto fez na vida" por causa de uma frase em uma gravação. Parece que a Escola Lula ganhou mais um aluno. Repete-se a velha história do "não sabia de nada, meus companheiros cometeram erros pontuais, não se pode julgá-los por causa de uma falha só", etc. etc...

(Lucas Colombo)

Um comentário:

Anônimo disse...

Acabou tudo. A Yeda, o Busatto, a Dilma, o Lula, tudo. Acho que vou pros EUA votar no Obama.