quarta-feira, 4 de junho de 2008

Obama rocks


Foto: NYTimes.com

Barack Obama finalmente ganhou a indicação do Partido Democrata para concorrer à presidência dos EUA em novembro. Alcançou o número de delegados necessário (2118) para assegurar a nomeação, superando a sua rival no partido Hillary Clinton. Carismático, grande orador (críticos afirmam que o fato de ele falar bem esconde sua superficialidade), Obama é um fenômeno político. Leva multidões aos seus comícios. Está fazendo milhares de jovens registrarem-se como eleitores pela primeira vez, num país onde o voto não é obrigatório. Tem 46 anos, não é baby-boomer, é de outra geração. Ao contrário de Hillary, representa o novo. É um político moderno. Seu discurso sobre 'raça', feito em março, é histórico. Ele é o primeiro candidato negro a concorrer à presidência americana por um partido grande, mas não faz da cor da sua pele uma bandeira política. Ele não divide o país entre brancos e negros. Já declarou que não há uma "black America" e uma "white America", só os Estados Unidos da América. Neto de asiático e filho de um queniano e de uma americana do Kansas, o senador por Illinois é aquilo que os analistas têm chamado de 'pós-racial'. Ele sabe que insistir nessa história de diferenças raciais é coisa do passado. Obama olha para o futuro. Ajudou a mudar as leis relativas à pena de morte. Quer retirar as tropas americanas do Iraque até 2010. Apóia pesquisas com células-tronco. Pretende combater o aquecimento global. É um liberal, mas até certo ponto. É a favor do aborto, mas diz que seus opositores têm direito de querer mudar a lei que regulariza a prática. Defende a legalização dos imigrantes ilegais, mas apoiou a construção de uma cerca na fronteira com o México. Acredita na diplomacia como a melhor alternativa para pendências de política externa, mas salientou que, às vezes, não há outra saída senão o confronto. Inclusive, falou, em discurso hoje, que o Irã é uma ameaça que deve ser eliminada. Um pragmático, enfim.

No discurso em que se declarou o candidato democrata, ontem, Obama elogiou Hillary Clinton - o que fez aumentar os rumores de que a senadora pode ser sua vice, possibilidade que ela mesma já teria levantado. A ex-primeira-dama era, até fevereiro deste ano, favoritíssima à indicação - e à Casa Branca, diga-se. Mas cometeu uma série de erros. Em primeiro lugar, tinha tanta certeza de que seria a escolhida do partido que só arrecadou dinheiro para poucos meses de campanha. Atualmente, está cheia de dívidas. Além disso, levantou boatos sobre Obama e criticou-o nos debates. Essas atitudes reforçaram ainda mais sua imagem de teimosa, durona. Hillary, ao contrário de Obama, é uma política tradicional, é do establishment democrata. Ela não tem frescor, não traz novidade à política americana, e sua participação como vice poderia até prejudicar a mensagem de renovação que Obama passa (como apontou hoje a New Yorker). Renovação, essa, que os americanos podem mesmo estar querendo, depois dos anos sombrios de George W.

Obama é o favorito para vencer em novembro. E é um grande sujeito. He rocks.
(Lucas Colombo)

3 comentários:

Anônimo disse...

O Obama é mesmo um grande sujeito, mas ontem saiu uma pesquisa em que ele aparecia apenas dois pontos acima do McCain. Não sei se esse entusiasmo por ele não é só uma onda...

Anônimo disse...
Este comentário foi removido por um administrador do blog.
Anônimo disse...

André, a pesquisa divulgada ontem foi feita antes de o Obama garantir a indicação. E, sinceramente, eu acho que ele leva a presidência, sim - mas com uma vantagem pequena. É muito otimismo pensar que ele dará uma 'lavada' no McCain.