quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

Três filmes três estrelas



Da série "Filmes que só agora vi em DVD":


- "Um Beijo Roubado" (My Blueberry Nights): mais um para a lista de filmes que ganharam títulos idiotas em português ("Um Beijo Roubado", aiaiai...). Do ponto de vista visual, "My Blueberry Nights" é bonito. Há planos bem elaborados e um trabalho com cores que enche os olhos. O texto também possui algumas sacadas: "Acho que ninguém bebe vodca pelo gosto", ou "Às vezes dependemos dos outros como um espelho, para nos definir e nos dizer quem somos" (alô, psicanalistas). A cantora-gracinha Norah Jones (foto) é a protagonista e contracena com Jude Law, Rachel Weisz e Natalie Portman (essas duas em ótimas atuações). Todos vivem personagens de coração partido. O bom elenco, porém, não salva a história rasa. O diretor Wong Kar Wai diz menos do que acha que diz com este filme. Falta profundidade, visceralidade. Norah convence como atriz - mas eu a prefiro cantando "Those Sweet Words"... Ah! O título original diz respeito à torta blueberry ("de mirtilo") que a personagem dela pede toda noite que vai ao café do personagem de Law. Cotação: três estrelas.

- "A Família Savage" (The Savages): Laura Linney e Philip Seymour Hoffman, grandes atores, são o maior atrativo desta comédia dramática escrita e dirigida por Tamara Jenkins, bissexta cineasta americana. Eles interpretam os irmãos Wendy e Jon, duas crianças em corpo de adulto que precisam encarar a incômoda tarefa de cuidar do pai demente, ainda que ele nunca tenha sido exatamente bom para os filhos. É visível a preocupação da diretora em não deixar que as situações embaraçosas criadas pelo pai choquem o espectador, e cenas como a do "aperto" no avião até fazem rir, quando o riso não deveria ser a reação mais (politicamente) correta. O filme, contudo, tem alguns excessos. Não há necessidade, por exemplo, de a personagem de Laura sempre aparecer fumando quando fica nervosa (é clichê) e de beijar o rapaz que lhe faz um elogio (outro). Dispensável também o final edificante, vício de cinema americano. Três estrelas, também.

- "O Sonho de Cassandra" (Cassandra's Dream): este é o penúltimo filme de Woody Allen (o último, "Vicky Cristina Barcelona", está nos cinemas) e é o terceiro que o diretor ambientou em Londres. Muitas características do seu cinema estão ali: planos longos, diálogos afiados, cenas bem boladas. Sempre funcionam. Mas, no geral, ao contrário do que apontaram vários críticos, "Cassandra's" não é grande coisa. É um filme bastante convencional e, além disso, repetitivo em relação à obra de Woody - ele mais uma vez aborda a temática do "crime e castigo", já trabalhada em "Crimes e Pecados" e "Match Point". A música é de Philip Glass, mas é insistente; e a performance de Colin Farrell é cheia de tiques. Em muitos momentos, a sensação é de que nem se trata de um Woody Allen. Quando acabou, perguntei-me: "é só isso?". De novo: três estrelas.

(Lucas Colombo)

Um comentário:

Anônimo disse...

Também acho que a norah Jones é uma gracinha :), mas realmente o filme é pretencioso.