segunda-feira, 9 de novembro de 2009
Outros muros
Como todos a essa altura já devem (ou deveriam) saber, faz exatos 20 anos que veio abaixo o Muro de Berlim, símbolo maior da divisão do mundo em capitalismo e socialismo durante a Guerra Fria, e é muito bom que um acontecimento histórico colossal como este, de reação não-violenta ao controle estatal, à falta de liberdade e à divisão de um povo, seja lembrado e comentado. Muitas reportagens e análises sobre o tema saíram na imprensa brasileira nos últimos dias, a maioria apontando para os fatos de que o lado leste da cidade ainda é menos desenvolvido que o lado oeste e que, hoje, a "barreira" na Europa é aquela contra os imigrantes vindos de países mais pobres. Entre os vários artigos que li, porém, nenhum criticava o Muro de Berlim que, 20 anos depois, ainda existe firme nas ideias de tanta gente - como a ação corriqueira de discutir política com base em "direita" versus "esquerda", coisa que, conforme já escrevi, ficaria mais adequada num mundo pré-1989. Além disso, esta data de celebração da liberdade e da democracia deveria servir também, no Brasil, como fonte de reflexão sobre a tendência da alma nacional ao binarismo, sobre a necessidade de se amadurecer e parar de perceber as questões apenas de um jeito emocional, em termos de "contra" ou "a favor", "nós" e "eles". Aqui, quem procura ter opinião própria, sem apenas ecoar a dos outros, e vê, por exemplo, o país com olhos críticos é "arrogante", "elitista" e "torce contra". Daniel Piza, ele sim autor de um texto muito pertinente acerca da efeméride, pleiteou: "Que os muros mentais sejam derrubados". Assino embaixo.
(Lucas Colombo)
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Um comentário:
Muito bem, Lucas. 'Arrogante' é justamente quem acha que não podem existir opiniões contrárias. E ser exigente é muito diferente de 'torcer contra'. abraço.
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