domingo, 29 de março de 2015

Com as garras de fora



Os diálogos mais afiados e as falas mais mordazes de "Relatos Selvagens", o excelente filme argentino ganhador do Prêmio Goya e indicado a Melhor Filme Estrangeiro no último Oscar. O roteiro e a direção são de Damián Szifron.

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- Às vezes, é assim: preciso destruir a autoestima de um pobre infeliz para proteger os ouvidos de toda uma população.
Crítico musical à ex-namorada de um aspirante a músico que defenestrou com uma resenha.

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Garçonete ao cliente que chega sozinho:
- Boa noite. Um só?
- Vejo que você é boa para matemática...

Mais adiante:
- O que vai beber?
- Coca light.
- Coca light?
[pausadamente] - Coca... light... Quer que eu anote?

E mais adiante, para a colega de cozinha:
- Ele vai se candidatar a prefeito. Esse filho da puta. Dá pra acreditar?
- Mas como não vou acreditar, se os filhos da puta governam o mundo?

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Homem que teve carro guinchado injustamente, para o atendente do Departamento de Trânsito:
- Você sabe que é um delinquente, não?
- Só estou fazendo meu trabalho, senhor.
- Não. Quem trabalha para delinquentes são outros delinquentes.

Para a recepcionista da empresa na qual quer deixar um currículo e que lhe diz que o diretor, amigo, não está:
- E a secretária dele?
- Saiu para almoçar.
- Mas são 4 da tarde.
- Não controlo seus horários.
- Quer saber? Melhor não te deixar porra nenhuma. Por mim, podem ir todos à merda. [indo embora] Almoçando às 4 da tarde... acham que sou idiota...

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- Com todas as empresas de celular e todas as promoções que existem, é estranhíssimo que essa moça tenha comprado justo a linha do teu professor de violão... É uma coincidência incrível, não?...
Noiva para o noivo, na festa de casamento, após ligar para o celular de quem ele lhe dissera ser do seu professor de violão, mas que, na verdade, é da amante.

Depois, respondendo à sogra que pede por uma dança com seu "príncipe":
- Sim, claro, "rainha"... é todo seu.

(Lucas Colombo)

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