Caro leitor: o MM entrou em contato com a brasileira Márcia Schmaltz, professora da Universidade de Macau, na China, para que enviasse um depoimento sobre o terremoto que acometeu o país, ontem (12/05). Ela mandou por e-mail o texto abaixo. (Lucas Colombo)
Bloco de apartamentos destruído em Dujiangyan (Foto: Reuters/nytimes.com)
Estou agora em Macau, a cerca de dois mil quilômetros da cidade de Wenchuan, na província de Sichuan, onde foi o epicentro do terremoto. Aqui ele também foi sentido. Por volta das 15 horas de ontem, eu, meu marido e minha filha estávamos à beira da piscina, no balneário Cheoc Van, e sentimos o tremor.
O primeiro dia pós-terremoto foi de comoção geral. Estou atualmente lecionando português e tradução na Universidade de Macau e, durante todo o dia, além de atendermos aos nossos familiares brasileiros, também perguntávamos aos nossos colegas chineses se houve algum parente atingido pelo terremoto.
Segundo as informações oficiais, são 110 mil pessoas desaparecidas. O terremoto atingiu 7,8 pontos na escala Richter – o que equivale a 256 bombas atômicas – e o seu epicentro foi a apenas 20,8 km da superfície. Este tremor só perde em intensidade do tremor de 1976, que ocorreu em Tangshan e causou a morte de 242 mil pessoas.
O terremoto foi sentido em Pequim (3,9 graus na escala Richter) por três segundos. E também em Xangai e alguns lugares de Hong Kong, Filipinas, Vietnã, Taiwan e Tailândia.
O governo chinês divulgou a morte de mais de nove mil pessoas (N.R.: atualização do Estadão: o número de mortos já passa de 12 mil). Há um número de hongkongnenses mortos e feridos ainda não revelado, já que ontem, segunda-feira, era feriado nessa região e em Macau.
Wenchuan é um condado de Sichuan. Tem 4084 km2 de área, e sua população é de 112 mil habitantes. É conhecido nacionalmente pelo Parque Nacional de Jiusaigou e pela Reserva Nacional de Investigação do Panda.
Uma curiosidade: no dia 9 de maio, três dias antes do terremoto, houve uma debandada de milhares de rãs numa das aldeias de Wenchuan, a qual foi vista pela população como um ‘alerta da natureza’. Não foi, porém, levada a sério pelas autoridades locais por falta de fundamento científico.
Na TV, há cobertura ao vivo da tragédia. Os dirigentes máximos, como o primeiro-ministro Wen Jiabao e o vice-presidente Hui Liangyu, estão na linha da frente de salvamento, junto ao Exército de Libertação Nacional. Estou escrevendo às 22h35min de 13 de maio de 2008, 35 horas depois do terremoto. Tem-se menos de 30 horas para o salvamento das pessoas. Segundo especialistas, o salvamento tem de ser feito dentro de 72 horas.
(Profa. Me. Márcia Schmaltz – Departamento de Português da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade de Macau)
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