segunda-feira, 12 de maio de 2008

Orquestra desafinada



Dos filmes que assisti em DVD em 2007, “Copying Beethoven” (recuso-me a usar o título em português, que, pra variar, não tem nada a ver) foi o que menos me agradou. É um filme constrangedor. A história é previsível e esquemática. Segue-se uma ‘fórmula’, com aqueles personagens ‘de sempre’ – o artista genial e arrogante, a admiradora que se torna colaboradora e o parente que só sabe pedir dinheiro. Ed Harris, um grande ator (vide “Pollock”), dessa vez não acerta. Faz um Beethoven caricato e desagradável. Diane Kruger, que interpreta a copista Anna, é apenas simpática. Clichês transbordam no filme. Um exemplo é a reação do namorado de Anna, um jovem arquiteto, ao ter sua maquete destruída por Beethoven. Ele exclama para a moça: “Se você voltar a trabalhar com esse homem, nunca mais me procure” – eis uma fala que ficaria muito bem em uma novela das oito. Outro exemplo é o próprio desenvolvimento da relação entre o maestro e a copista. Os dois se entendem relativamente bem, até o momento em que Anna mostra uma composição dela e é achincalhada pelo músico. Claro que ele vai atrás dela e pede desculpas... e claro que ela aceita... e claro que fica ajudando-o até a morte dele... etc... Além de tudo isso, é impossível não pensar que a diretora Agnieszka Holland inspirou-se excessivamente em (pra não dizer copiou) “Amadeus” para criar as cenas em que Beethoven, agonizante, dita para Anna as notas musicais de uma nova composição. Bem como faz Mozart para Salieri, naquele bom filme de 1984. Quando “Copying Beethoven” foi lançado nos cinemas, em dezembro de 2006, até houve certa curiosidade – seria como “Minha Amada Imortal”? Sorry, mas não é. O filme é uma grande promessa não cumprida. Não precisa gastar seu precioso dinheiro para alugar o DVD, caro leitor. (Lucas Colombo)

2 comentários:

Bembotafogo disse...

Realmente quem colocou o ovo em pé não foi esse Beethoven do filme.Mas parece que o sr anda vendo muita novela na globo,eu por exemplo nem lembro mais como são aqueles dialogos.Seu comentário esta no mesmo clima indigesto do personagem que alias foi bem retratado "Copying Beethoven" afinal as traduções no geral tem mais proximidade das nossas identidades culturais coisa que pessoas "ditas de elite cultural"ficam nessa postura esnobe de titilar o filme no original.Parabens continue a escrever quem sabe vire um "crítico de arte" hahahahah

Anônimo disse...

Caro Bembotafogo, "hahahahah" quem faz sou eu. Pra começar, não costumo ver novela da Globo, nem de qualquer emissora. Não gosto do formato. Se sei como são os diálogos, é porque também sei que a fórmula das novelas se repete muito. Se você já viu um capítulo na vida (sim, já vi capítulo de novela, afinal não posso criticar sem conhecer), sabe que aquilo é sempre daquele jeito, melodramático e mal-escrito. E você também já deve ter visto algum capítulo, pois diz que "não se lembra mais como são os diálogos". Então, um dia já soube como eram. Se meu comentário sobre o "Copying" está indigesto, e se você não gosta de pessoas que citam o título original em inglês, so sorry. Como jornalista cultural, nem sempre agrado a todos. E que bom que seja assim. Se eu vivesse agradando a todos, mudaria de profissão. Quanto a esse papo de 'tradução próxima das identidades culturais', é, com todo o respeito, uma das coisas mais ingênuas que já ouvi. Só para ficar nesse caso, "O Segredo de Beethoven" tem algo a ver com nossa 'identidade'?... Se tiver, por favor, avise-me.
E obrigado pelo incentivo a continuar escrevendo.