quinta-feira, 7 de agosto de 2008

O tal do Cuil



Parece que o novo buscador Cuil, lançado semana passada, não empolgou muito. Houve aquela curiosidade inicial, mas ninguém se motivou a trocar o rei Google por ele. Tá certo que ainda é muito cedo para declarar perdida a batalha, mas que será difícil desbancar uma marca que já é confundida com a própria Internet, ah, será.

O Cuil (a pronúncia é a mesma da palavra cool, “legal”, em inglês) foi criado por três ex-funcionários do Google: Anna Patterson, ex-líder de indexação de buscas do Google; Tom Costello, marido de Anna; e Russell Power, que também atuava na área de indexação e detecção de spam do principal buscador da web. Os três são os diretores da nova empresa, que, assim como a rival, tem o mesmo nome do site. O objetivo do Cuil é ambicioso: indexar mais páginas que o Google. E se transformar no maior buscador do mundo. Aliás, os diretores já dizem que ele é "o" maior (pelo menos foi o que informou a Folha de S. Paulo, semana passada). Segundo eles, já foram indexadas 120 bilhões de páginas. O Google, por sua vez, não informou quantas das 1 trilhão de páginas originais na web, que ele diz ter descoberto, já indexou.

Os novos empresários também garantem que o método de indexação de páginas desenvolvido para o Cuil é melhor que o do Google. Os resultados das buscas teriam mais qualidade, seriam mais direcionados ao que de fato se quer. O mecanismo do Cuil, de acordo com seus criadores, leva em conta o conteúdo das páginas, e não a popularidade delas, como faz o Google.

Fiz uma experiência, com um nome conhecido nos EUA: digitei “bebel gilberto Baby” (música que a cantora interpreta no seu CD homônimo) no Cuil e no Google. Os resultados foram praticamente os mesmos, com a diferença de que, no Cuil, todas as entradas são em inglês. No Cuil, apareceram sites em que se poderia conferir a letra da canção, e outros em que ela poderia ser baixada. No Google... também, mas com páginas em português. A intenção de conhecer a letra de “Baby” ou de baixá-la é satisfatoriamente alcançada tanto no Cuil, quanto no Google. Até aí, nenhuma grande vantagem do novo buscador. Neste, inclusive, há uma desvantagem: o irritante “autocompletar”. Enquanto você digita o que quer pesquisar, o Cuil vai sugerindo termos. Mas o recurso pode ser desativado (ufa). Também digitei “mínimo múltiplo” no Cuil e no Google (exibido, eu???), e NADA do nosso site no estreante. Já no Google, o MM apareceu, é claro.

As diferenças mais visíveis entre os dois buscadores, obviamente, são aquelas relacionadas ao visual: a tela do Cuil é predominantemente preta (o que poupa energia do monitor), e a sua logomarca, nas cores cinza e azul, é elegante. No mais, a interface do novato é toda em inglês, e os resultados das buscas aparecem em colunas, não em formato de lista, como no Google. As entradas também já apresentam algumas imagens relevantes para a pesquisa. Além disso, conforme o termo buscado, o Cuil ainda oferece um box, à direita, com categorias de sugestões.

É bonito e interessante, mas, como diria Paulinho da Viola, “nada capaz de despertar minha alegria”. Acho que vou utilizar o Google ainda por bastante tempo. O surgimento de concorrentes é muito salutar, e que venham mais projetos novos, mas eles sempre estarão sujeitos àquele olhar de estranhamento de quem está acostumado ao produto ‘original’. Google já virou até verbo (“Eu googlei e achei”). Resta esperar para ver se as pessoas começarão a dizer “fiz um Cuil” também.

(Lucas Colombo)

Nenhum comentário: