quinta-feira, 19 de março de 2009

"O Brasil oficial é caricato e burlesco" - Machado de Assis


Da ZH de hoje:

"Exemplos de diretorias:
> Diretoria da Secretaria de Ata
> Diretoria do Centro de Altos Estudos da Consultoria
> Diretoria de Subsecretaria de Pessoal Inativo
> Diretoria de Subsecretaria de Contratações Diretas
> Diretoria de Coordenação de Rádio em Ondas Curtas
> Diretoria de Coordenação de Visitação
> Diretoria de Coordenação de Apoio Aeroportuário
> Diretoria da Subsecretaria de Divulgação e Inteligência
> Diretoria da Subsecretaria de Polícia Ostensiva
> Diretoria da Subsecretaria de Formação da Comunidade
> Diretoria da Subsecretaria de Projetos Especiais
> Diretoria da Coordenação de Retransmissão de Televisão
> Diretoria da Subsecretaria de Anais
> Diretoria da Subsecretaria de Pessoal Comissionado
> Diretoria da Subsecretaria de Planejamento Contábil de Contratações
> Diretoria da Subsecretaria de Administração de Suprimentos"


O Teatro Brasil não se cansa de brindar a plateia com suas tragicomédias políticas em vários atos, defendidas por atores sempre magistrais no que fazem e escritas a partir daquele velho argumento: "o poder público não é do 'público', é de quem o ocupa". Vejam que espetáculo o Senado tem oferecido nas últimas semanas. Só para citar os casos mais recentes: Roseana Sarney deu a amigos e parentes passagens aéreas a que tem direito como parlamentar, seu pai (o "barracuda", como o chamava Paulo Francis) levou seguranças do Senado para vigiar propriedades de sua família no Maranhão e Tião Viana emprestou para a filha telefone celular disponibilizado e pago pela Casa. Como se não bastasse, vieram a informação de que parentes de funcionários, para driblar a proibição do nepotismo, têm sido empregados por empresas terceirizadas que prestam serviços ao Senado e, também, a 'descoberta' de que a Casa conta com 136 - ops!, 181 incríveis diretorias, número que nem a maior empresa privada do país apresenta e que supera mais de duas vezes a quantidade de senadores (81). Cá entre nós: é estritamente necessário existir, sustentada pelo dinheiro do contribuinte, a "Diretoria
da Coordenação de Retransmissão de Televisão"? Só se for para quem as chefia, por motivos óbvios (salário pode atingir R$ 24,5 mil), e para quem as cria (presidentes da Casa e 1ºs secretários), por poder acomodar nelas servidores apadrinhados e cabos eleitorais. Todos esses episódios são representativos da forte confusão entre público e privado que marca a política brasileira. Enquanto não se mudar a ideia, tão arraigada entre nossos 'administradores', de que a máquina pública pode ser usada para fins pessoais, continuaremos assistindo de camarote a toda essa desfaçatez.

(Lucas Colombo)

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