quarta-feira, 9 de junho de 2010

Fabrício Carpinejar no Nomes & Obras




O bate-papo com Fabrício Carpinejar, na primeira edição do Nomes & Obras, ontem, na Letras&Cia., foi animado. A pedido do mediador, o editor
do MM Lucas Colombo, o escritor começou falando de sua recém-lançada coletânea de crônicas "Mulher Perdigueira", em que, no texto que dá título ao livro, ele defende a mulher "possessiva", que "arde de ciúme" e não tem pudores de se mostrar preocupada com o ser amado. Nesse sentido, Carpinejar explicou à plateia que são exacerbação de afeto, e não ciúme doentio, atitudes como vigiar o Orkut do namorado ou telefonar a cada 15 minutos. Já o oposto da "perdigueira", segundo o poeta e cronista, seria a mulher "que se faz de vítima" - aquela que afirma "ter deixado de lado muita coisa" para ficar com o namorado/marido.

Na sequência, Lucas mencionou a inserção de Carpinejar numa lista da revista Época, de 31 de maio, que apontou "27 personalidades influentes da internet". O autor de "www.twitter.com/carpinejar", livro em que re-publicou seus aforismos postados no microblog, elogiou a concisão exigida pela ferramenta e, ajudado pelo mediador e pelo público, citou alguns traços que identificariam um twitteiro "chato".


Sobre seu trabalho na poesia, perguntado se essa forma literária "vendia" - seu livro de poemas "Cinco Marias", de 2004, passou de cinco edições -,
Carpinejar frisou que vende, sim, mas venderia muito mais se os leitores encarassem poesia de um jeito mais despreocupado, mais próximo, sem pensar que, para frui-la, é preciso "estar de férias". O convidado disse ainda já ter lido traduções de poemas dele, e gostado, e que concorda com a máxima do americano Robert Frost, segundo o qual "poesia é o que se perde na tradução".

Carpinejar também afirmou ter recebido tranquilamente a opinião negativa do crítico Wilson Martins, que faleceu neste ano, sobre seu trabalho ("Ele não elogiava ninguém com menos de 40 anos", ironizou), e que não considera "Alguma Poesia", publicado há 80 anos, o melhor livro de Drummond, e sim "Claro
Enigma", de 1951 - no que foi apoiado pela plateia. O poeta respondeu bem-humoradamente à série de perguntas que Lucas brincou ter elaborado "com muita originalidade e criatividade", como "Se você não fosse escritor, o que gostaria de ser?" ("Gigolô", respondeu) e "O que mais gosta de escrever: poemas, crônicas ou aforismos?" ("Bilhetes pro meu filho"). Apresentado pelo mediador a números de uma pesquisa de alcance nacional que revelava que 60% dos brasileiros não têm costume de ler livros, Carpinejar declarou que a leitura deve ser incentivada desde cedo, pelos pais, inclusive com jornais e revistas, e que crianças deveriam escrever poesia na escola, para, como disse antes, ter uma relação mais próxima com o gênero.

Para terminar, o escritor, também comentarista de futebol, deu palpite sobre a Copa do Mundo. Ele acredita que o Brasil não passa da primeira fase. Lucas apostou que cai nas oitavas-de-final. A plateia se dividiu. E você, leitor, acha que a Seleção vai até onde? - pode responder à nossa enquete, na página inicial do MM.


A próxima semana é de Palavra Composta, e o evento, inclusive, ocorrerá excepcionalmente na segunda-feira, dia 14, às 18h, pois na terça haverá jogo
do Brasil na Copa do Mundo. E o tema será a obra e as ideias de um sujeito que gostava muito de futebol: Nelson Rodrigues. Para falar do maior dramaturgo brasileiro, morto há 30 anos, receberemos o escritor Rodrigo Rosp e o diretor Roberto Oliveira. Não percam.


Serviço

Palavra Composta e Nomes & Obras
Quando: toda terça-feira, de junho a setembro, às 17h30min
Onde: livraria Letras&Cia. (Osvaldo Aranha 444, Porto Alegre)
Realização: MínimoMúltiplo.com e Letras&Cia.
Entrada e primeiro café gratuitos


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