domingo, 25 de novembro de 2018

MM Não Recomenda - Reprodução, de Bernardo Carvalho



Em Reprodução (Cia. das Letras, 2013), romance recentemente premiado e incensado pela crítica, Bernardo Carvalho cria monólogos insuportáveis (na verdade, são diálogos em que só um personagem fala, com o outro oculto) para traçar uma história que se passa em um aeroporto. Boa parte da narrativa se detém no personagem "estudante de chinês", uma figura caricata e de falas copiadas de caixas de comentário da internet (daí o título). Com isso, Carvalho tenta construir uma trama sagaz e irônica, focada em estereótipos e lugares-comuns de nosso tempo. Contando assim, dá a entender que o livro resultou em algo engraçado e relevante. Mas não. Longe disso. Dessa empreitada fica apenas uma leitura extremamente cansativa. A cada página vencida, o leitor se questiona: aonde ele quer chegar com tanta bobagem? Surge um novo monólogo e, mais adiante, outro. A história, rala e sem sal, pouco se desenrola. Por fim, é elucidada a trama e ela se conclui rapidamente. Lá se foram 168 páginas de bocejos. Reprodução foi descrito por alguns entendidos em Literatura como um retrato dos dias atuais. Pode ser. Afinal, em todos os períodos da humanidade há bestas ensandecidas. Mas prefiro acreditar que Carvalho escreveu um romance à frente de seu tempo: um livro que daqui a 30 ou 40 anos seguirá sendo ruim. (Lucas Barroso)

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