Já que, para o presidente Lula, ele não pode ser tratado como "uma pessoa comum", peço desculpas e licença para inserir aqui este trecho de um especial do Manhattan Connection sobre o saudoso Paulo Francis, em que o jornalista qualifica José Sarney, o incomum, como "barracuda". Perdoe-me, presidente, mas o vídeo é muito bom.
A gentil referência de Francis a Sarney ocorre aos 4min15s. E há outras pérolas:
1:00 - Francis cita uma máxima de Winston Churchill (“Espero, senhores, que depois de um razoável período de discussão todos concordem comigo”) para ilustrar o que não gosta no Manhattan Connection.
2:05 - "Jornalismo, hoje, ficou análise e pesquisa. Ninguém mais tem opinião de nada. Eu sou um dos últimos dinossauros que ainda emitem uma opinião. 90% é 'o que o consumidor quer'."
2:37 - (para o recém-eleito FHC) "Fernando, você acha que tem um mandato para modernizar finalmente o Brasil, para fazer o Brasil entrar no século 20 antes que acabe?..." (e o FH não entendeu a ironia e corrigiu para "século 21", claro).
3:23 - "Ahhh, o Clinton é o maior achacador..."
4:30 - (sobre o affair Itamar Franco e Lilian Ramos) "O presidente Itamar Franco é um pamonha, e pamonha tá sempre fazendo pamonheira."
4:44 - "Ah, mas isso é um negócio ótimo pra fazer com o Roberto Freire, com o Inocêncio Oliveira: você enche de piche a pessoa, põe penas e solta no meio da rua. E põe pra fora da cidade..."
5:06 - (em 1994) "Se o Lula for presidente, eu mudo de nacionalidade."
5:19 - "Não há realmente coisa mais perniciosa para o Brasil do que a Petrobrás." (alô, membros da CPI)
5:37 - "Você já fez chamada a cobrar pra Embratel? (imitando a gravação) 'Você discou UM, UM, OITO, DOIS, MEIA, CINCO, UM, DOIS, UM. Aguarde'."
A discussão com o Caio no final (uma das várias que tiveram), sobre a participação de mulheres no exército americano, também é imperdível.
Francis, morto em 1997, foi, como sabem, um grande crítico do atual e controverso presidente do Senado. Chamava-o de "coco de bigodes" e dizia que sua presidência da república, iniciada em 1985 com a morte de Tancredo Neves, significava um "regresso à taba" para o Brasil. Soltou a melhor, porém, quando Sarney visitou Nova York e alugou uma limusine branca para se locomover: "Até a máfia já desistiu das limusines brancas por sabê-las jecas demais", comentou então. Nesta mesma ocasião, o autor dos "Diários da Corte" assegurou ter sentido o "cheiro de capim" a um quarteirão do hotel onde estava a comitiva brasileira. Waaal.
Para ser assim tratado por Paulo Francis, Sarney realmente não deve ser uma pessoa comum. Lula tem razão. O que esses internautas que lançaram o "Fora, Sarney" no Twitter estão pensando?...
(Lucas Colombo)
2 comentários:
Adorei :-)
Eu também, Marcos.
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