sexta-feira, 16 de julho de 2010

Mais Inhotim


Para complementar o breve texto sobre o Instituto Cultural Inhotim, de minha última coluna, publico aqui algumas fotos e mais informações a respeito. O arquivo de imagens do site do museu, porém, é evidentemente maior e mais rico. Acessem.


Localizado no vilarejo de Brumadinho, a 60km de Belo Horizonte, o espaço, fundado pelo empresário e mecenas Bernardo Paz, foi aberto ao grande público em 2005, e hoje recebe centenas de milhares de visitantes por ano. É lugar para ser contemplado com calma. Por isso chegamos cedo, vindos de Lagoa Santa – cidade vizinha a BH – e passando pela chamada Linha Verde, rodovia bem cuidada e recentemente duplicada, ladeada por vegetação do cerrado. Almoçamos num restaurante de lá mesmo e saímos perto do horário de fechamento, around 16h, ainda com algumas obras por ver.

Até onde se sabe, não existe iniciativa similar no mundo, de unir a arte contemporânea à natureza, numa mescla de museu com jardim botânico. A paisagem tropical dos 350 mil m
2 de Inhotim, por sinal, é bela. Ir de uma galeria a outra caminhando por entre suas palmeiras, eucaliptos e lagos ornamentais, habitados por garças e patos, e observando o horizonte de montanhas, é muito agradável. Segundo informações do instituto, são mais de três mil as espécies de plantas cultivadas. Só de aráceas (como antúrios e copos-de-leite) são 400 espécies, e de orquídeas, mais de 300.


Inhotim apresenta o que há de melhor em arte contemporânea. Focada nos trabalhos feitos a partir dos anos 1960, a coleção de Paz, conforme indiquei na coluna, não é 100% imperdível, mas tem coisas bastante boas. São mais de cem artistas, nacionais e estrangeiros, que aparecem com instalações, esculturas, desenhos, pinturas, fotografias e videoartes. As peças estão expostas ao ar livre ou dentro dos pavilhões e galerias, algumas com nomes de contemporâneos festejados, como Adriana Varejão (a mais bonita; parece flutuar sobre um dos lagos) e Cildo Meireles (suas famosas “Coca-colas” estão nela). Mostras temporárias também são realizadas.

Uma das esculturas “sem cabeça” e em posições improváveis da série Sem Título (2000-2005), de Edgard de Souza, exposta em meio a um dos jardins. O escultor tomou seu próprio corpo como modelo.


“Jardim de Narciso”, da japonesa Yayoi Kusama, feito inicialmente em 1966 (este é uma nova versão). Quinhentas bolas de aço inoxidável que espelham a natureza ao redor e se movimentam com o vento, mudando a obra de lugar.


“Penetrável Magic Square #5”, de Helio Oiticica, 1977. Chamado pelo artista de “A invenção da cor”, faz uma bonita composição com o verde da paisagem.

Além dos nomes que citei no texto da coluna, Inhotim tem ainda Waltércio Caldas, Amílcar de Castro, Iran do Espírito Santo, Matthew Barney (esse um dos dispensáveis, a meu ver), Chris Burden (outro com um trabalho, ainda que grandioso, difícil de levar a sério), Olafur Eliasson e Steve McQueen. Sai-se de lá positivamente surpreso com o diálogo que o instituto promove entre arte contemporânea e natureza. Em todos os aspectos, Inhotim é um empreendimento e tanto.

(Texto e fotos: Lucas Colombo)

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