Para
fazer o espectador compadecer-se de seu protagonista, Lucas, um professor de
jardim de infância injustamente acusado de assédio sexual por uma garotinha sua
aluna, o filme dinamarquês “A Caça”, de Thomas Vinterberg, força a mão na
trilha sonora e em lances melodramáticos, a exemplo do assassinato da
cachorrinha. O final em bom grau “feliz”, com volta de namorada e tudo,
também é dispensável. Mas como faz pensar sobre certa paranoia social
contemporânea – basta uma fala confusa da menina para a diretora da escola já
crer em abuso e seguir as ‘regras’ previstas para tais casos –, sobre espírito de manada – a ‘acusação’ faz a maioria das pessoas sentir-se na obrigação
de rejeitar Lucas – e sobre toda a atual cantilena politicamente correta
em torno de crianças: “são inocentes”, “nunca mentem”, “são fofinhas”, “não se
deve frustrá-las”, etc etc. Olha, levar a sério tudo que uma criança diz/faz e paparicá-la
o tempo inteiro pode ser realmente perigoso. Se Paulo Francis visse as
atitudes da loirinha Klara, repetiria sua divertida provocação: “Herodes foi um
incompreendido”...
(Lucas Colombo)
Nenhum comentário:
Postar um comentário