terça-feira, 6 de agosto de 2013

Travessuras da menina má



Para fazer o espectador compadecer-se de seu protagonista, Lucas, um professor de jardim de infância injustamente acusado de assédio sexual por uma garotinha sua aluna, o filme dinamarquês “A Caça”, de Thomas Vinterberg, força a mão na trilha sonora e em lances melodramáticos, a exemplo do assassinato da cachorrinha. O final em bom grau “feliz”, com volta de namorada e tudo, também é dispensável. Mas como faz pensar sobre certa paranoia social contemporânea – basta uma fala confusa da menina para a diretora da escola já crer em abuso e seguir as ‘regras’ previstas para tais casos –, sobre espírito de manada – a ‘acusação’ faz a maioria das pessoas sentir-se na obrigação de rejeitar Lucas – e sobre toda a atual cantilena politicamente correta em torno de crianças: “são inocentes”, “nunca mentem”, “são fofinhas”, “não se deve frustrá-las”, etc etc. Olha, levar a sério tudo que uma criança diz/faz e paparicá-la o tempo inteiro pode ser realmente perigoso. Se Paulo Francis visse as atitudes da loirinha Klara, repetiria sua divertida provocação: “Herodes foi um incompreendido”...

(Lucas Colombo)

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