- Philip Roth, que morreu no dia 22 de maio, não faz exatamente o meu tipo de literatura. Racional demais, realista, correto na forma. Mas há pouco li O Animal Agonizante e não tive dúvida da sua importância como escritor. É leitura de um fôlego só, escrita afiada, inteligente e que perturba. Sem floreios ou compromissos de qualquer espécie, exceto com uma visceral arqueologia dos instintos. Por vezes os personagens cansam, incomodam pelo cinismo, pelo excesso de ironia, autoidealização que não deixa de ser muito mundana. Mas isso não afeta a qualidade geral da obra, que está comprometida de maneira irrestrita com a honestidade do autor. Nada mais estranho a Roth do que agradar, escrever bonito. Ele fala sobre o que pensa e vê no íntimo do ser humano, exercendo total independência para ser desagradável, incorreto, provocador. Com isso ele traz suas verdades à tona, deixando marcas significativas e duradoras em quem lê. Muriel Paraboni
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