quarta-feira, 9 de janeiro de 2019

MM Recomenda - Lado B, Lado A, banda O Rappa



"Hoje, eu desafio o mundo sem sair da minha casa..." (Me Deixa)

Esta recomendação contém uma boa dose de nostalgia. Em 1999, o pop rock nacional ainda tinha uma certa relevância cultural. Movimentava e ditava modas e tendências entre os jovens e interessados pelo universo pop, no Brasil. Aliás, nesse termo "pop rock" (por incrível que pareça, ele existia) poderia se enquadrar uma banda como O Rappa, que lançava o bom Lado B, Lado AUm apanhado de letras sagazes de Marcelo Yuka, cobertas por uma sonoridade urbana, repleta de guitarras e efeitos eletrônicos. A temática era nacional, mas a pegada tinha um quê dos ingleses do Asian Dub Fundation e Black Grape. Um disco acima da média. Figura em diversas seleções de melhores discos brasileiros de todos os tempos. Bom de ouvir em um engarrafamento, no ônibus/metrô lotado ou em qualquer situação de um dia insuportavelmente quente de verão. O saudosismo evocado por Lado B, Lado A é de um período de ebulição: início da música digital (mp3, Ipod e afins), CDs piratas, paradas de sucesso com presença de diferentes estilos musicais, rádios jovens, publicações de música, programas de auditório, clipes na MTV. Para se ter uma ideia, o vocalista d'O Rappa, Falcão, era um personagem corriqueiro em revistas e programas de fofoca, pois namorava a atriz Débora Secco. O cenário de 1999 foi realmente emblemático. O último suspiro de um jeito de ver e consumir cultura pop. Hoje, provavelmente um disco como Lado B, Lado A não teria nem metade da repercussão e significação que teve. Logo na sequência, em 2000, Yuka foi baleado em assalto e ficou paraplégico. A banda, então, desandou, com discos abaixo da média e shows sofríveis. No palco, o som ficava lá atrás. Só se notava Falcão, com a postura de um guru de autoajuda, empilhando discursos vazios sobre qualquer tema pungente. Além disso, ele lançava mão de constantes vocalizações e onomatopeias que deixariam João Bosco corado. Em 2018, o grupo decidiu dar um tempo. É por tudo isso que ouvir aquele O Rappa, 20 anos depois, dá uma certa saudade. (Lucas Barroso)

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